Welcome to Mainland China


 
Viajar na China é uma aventura... é assim que quero começar. Nada que Marco Polo não soubesse. Com o passar dos séculos fomos perdendo a desenvoltura dos exploradores, algo que se agonizou nestes últimos 15 anos com a crescente facilidade em obter informação. Para planear uma viagem basta fazer “click”. Temos roteiros, imagens, horários, preços... mas para a China as regras do jogo mudam. Tanto que ofereço um chupa-chupa a quem conseguir encontrar na Internet um horário actualizado e fidedigno dos autocarros que partem de Zhuhai (Guandong) para Guilin, na província de Guanxi. Mesmo a pesquisar em chinês simplificado e tradicional foi preciso recorrer à preciosa ajuda telefónica de vários colegas autóctones para conseguirmos uma hora aproximada de partida. Com persistência lá conseguimos seguir rumo ao cenário da adaptação cinematográfica d’ “O Véu Pintado”, numa invenção maravilhosa chamada sleeping bus.

Uma característica de viajar na China é que somos constantemente brindados pelo inesperado, o que tem o seu quê de delicioso. Pequenos aspectos pitorescos como adormecer num beliche do autocarro e acordar com os corredores repletos de pessoas adormecidas que se foram agrupando enquanto o condutor fazia paragens clandestinas, ou descer o rio numa jangada de bambu e sermos largados na China rural só para termos de apanhar uma espécie de carrinho de golfe para 12 pessoas num qualquer outro esquema acabam por trazer mais sabor as viagens. São estórias que ficam para contar, são gentes e paisagens que se cravam na memória. Se estão a pensar em fazer uma viagem à China Continental esperem ser enganados, mas acima de tudo esperem nada menos do que ficar MARAVILHADOS.


Arrisquem, aluguem bicicletas e explorem os arredores de Guilin e de Yangshuou. Evitem os sítios mais turísticos onde frequentemente são acrescentados motivos de decoração de gosto duvidoso, como cimento em estalactites que devem ter surgido em uma hora ou luzes coloridas – viva as grutas de Mira de Aire   mas claro têm de descer o rio Li. A banda sonora dos motores de cortadores de relva dos barcos e o tráfego não conseguem impedir que sintamos que estamos num cenário ímpar. A par da descida de barco, o ponto alto da viagem foi Xinping, uma vila de pescadores que se virou para o turismo mas que consegue manter a autenticidade do país como o imaginámos. No final, o tempo foi curto e a viagem soube a pouco.

Os primeiros rebentos da Primavera deram o mote, chegara o momento de ir para Norte (běi). E foi iluminada pelos primeiros raios quentes do sol que Pequim (Běijīng – Capital do Norte) rapidamente escalou para predilecta no ranking de cidades que visitei – vale o que vale, é certo! A metrópole tem um movimento próprio... presenteia-nos com história, tradição, cultura, diversão, inovação, desporto, vida, tranquilidade e acima de tudo provoca um forte sentimento de bem-estar e de pertença no meio de toda a reverência que lhe prestamos. Mas também não nos deixa esquecer qual o regime que a Governa. Fecharem a praça de Tiananmen para o içar da bandeira enquanto um soldado solitário faz continência numa noite fria à esquina de um edifício governamental é disso exemplo. Mirei espantada, embaracei o senhor, e ambos seguimos a nossa vida.


É impossível fugir aos locais turísticos, mas pode-se sempre contornar um pouco a situação. Evitar a época alta é uma forma, encontrar soluções menos convencionais é outra. Por exemplo, aconselho vivamente que façam o hike de nível 4 à muralha da China organizado pelos Beijing Hickers. Espero que estejam em boa forma física (eu até pensava que estava). Assim, terão a hipótese de percorrer por uns km uma das partes que não se encontra restaurada, onde tudo é mais real e a avalanche de turistas não chega. A partir do momento em que se entra no troço que sofreu intervenções recentes a moldura humana é totalmente diferente, só não muda a questão: como é que eles conseguiram? Perante tamanha grandiosidade ali recordamos que somos minúsculos e isso sabe bem.



o se confinem aos templos, vagueiem pela cidade, percorram o 798 Art District, ex-zona industrial convertida em meca da arte, descubram os mercados de rua e os sítios hype dos ocidentais, não se vão arrepender.







Xangai é mais cosmopolita e vanguardista do que Pequim. É uma cidade rica, com muitos parques e pessoas com vontade de vencer. Foi no People’s Park que conhecemos o Blue Sky, um miúdo de 5 anos incentivado a desenvolver o inglês e as competências sociais. Vai interpelando os turistas para praticar e ensina algumas palavras em mandarim para introduzir a conversa. A surpresa maior chega quando começa a ler a frase I had a dream” e se segue a totalidade do discurso desse grande sonhador (senti arrepios). A formatação do Blue Sky chega a ser assustadora, só espero que o sorriso e a vontade de aprender se mantenham ao longo dos anos e que chegue como a mente sã à posição que constava no cartão de negócios que nos entregou... CEO.
Na parte velha de Xangai (que afinal não é tanto assim) encontra-se o paraíso das compras, na parte menos velha, mas que será até mais, encontra-se a Europa. E do outro lado do rio temos o distrito financeiro, com os seus imponentes arranha-céus e marcas de estatuto tecnológico.


Ficou muito por descobrir em Xangai, um fim-de-semana dá para pouco mais do que deambular pelas ruas.
Para a próxima há mais!

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