Vietnam... To be continued?

 PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Quando se pesquisa sobre o Vietname é-se imediatamente alertado sobre alguns dos esquemas utilizados para enganar turistas. O ardil que agora partilho já faz parte da cartilha do viajante e não é 100% eficaz: Ao apanhar um táxi pedir amavelmente para que a corrida seja paga de acordo com o taxímetro. Adiantando-me na narrativa informo que em Hanói foram 4 os taxistas no aeroporto que se recusaram a fazê-lo e aquele que me conduziu em Ho Chi Minh inventou uma forma de me sobretaxar no destino. Em conversa com outros backpackers é fácil chegar à conclusão que embora estas situações sejam sempre aborrecidas todos estão preparados para elas e no final pouca importância lhes é conferida.

Em Bến Xe Miền Tây (Ho Chi Mihn) apanha-se o expresso para Cần Thơ. Nesta agitada estação de autocarros, sob um Sol escaldante, os vietnamitas encontravam coragem para meterem conversa e ir informando acerca do corrupio das carreiras. E aqui entram os colaboradores da empresa Phu'o'ng Trang, os quais solícitos e amistosos conseguiam ir aliviando a minha inquietação quando com o aproximar da hora marcada os autocarros continuavam a partir. Cerca de 20 minutos depois do estimado era tempo de partir e os (acrescentando outro adjectivo aos já mencionados) zelosos senhores da companhia iam colocando nas bagagens dos passageiros um autocolante com o número do assento que lhes fora destinado para assim evitar extravios à chegada. Por 125.000 Dong (ida) e 90.000 Dong (regresso), qualquer coisa como 7,5 euros, consegue-se viajar num autocarro confortável durante cerca de 4 horas para cada lado, com direito a uma garrafa de água e uma paragem para desentorpecer os membros. Luxo!
Pelo caminho uma paisagem dominada por arrozais, coqueiros, pequenas cidades e um sem número de botecos de beira de estrada munidos com outras tantas camas de rede para o cliente relaxar enquanto busca refresco numa bebida.


DELTA DO MEKONG
Os prédios em  Cần Thơ são estreitos e baixos, e a cidade alimentada pelo delta do rio Mekong fervilha em movimento.
Com a lição estudada acordei de madrugada para o passeio pelo rio. A recompensa foi tomar o pequeno-almoço enquanto observava o nascer do Sol e a possibilidade de assistir à dinâmica do rio antes do astro-rei se tornar demasiado abrasador.


Palmas para o homem do leme que a páginas tantas teve de abrir caminho à forca de braços porque numa parte do trajecto as águas não tinham a profundidade exigida para o uso da hélice. Apesar do flagrante esforço empreendido manteve sempre a boa disposição e ainda me emprestou o seu Nón Lá - também conhecido por chapéu vietnamita. No retorno entendemo-nos por via de gestos e decidimos evitar esse braço de rio, o que encurtou a excursão em 1 hora.
Percorrer o Mekong revela muita da miséria do povo vietnamita que vive em casas de zinco, minúsculas, esburacadas, sem as mínimas condições higiénicas e de habitabilidade; mostrou ainda como o rio está no centro das suas vidas... dele recolhem alimento (!), a água para esfregar a roupa (quero manter a ilusão que só utilizam aquela água poluída para isso), e ainda serve como o meio para o transporte dos produtos perecíveis a vender nos mercados.




CIDADE DE HO CHI MINH 
Na véspera da celebração do Novo Ano Lunar a ex-Saigão, rebaptizada com o nome do "tio" Ho após a reunificação do Vietname, presenteia-nos com o festival cores característico da época às quais se juntam faixas vermelhas desfraldadas pintadas a amarelo ora com as insígnias da foice e do martelo, ora com a estrela Nacional.
Na maior cidade do Vietname o transito é caótico, os condutores exímios. Parece haver um acordo tácito na coreografia motorizada a que se assiste. Embora num primeiro vislumbre escape, um olhar atento permite perceber que todos têm o seu espaço e que os movimentos estão bem ensaiados, como se de um bailado se tratasse em que as buzinadelas dão mote ao ritmo.
No meio de toda esta confusão a atmosfera em Ho Chi Minh é estranhamente leve. Tudo flui com naturalidade, há esplanadas por todos os lados e os vietnamitas parecem conviver sem preocupações com o rebuliço da metrópole.
Para além da própria atmosfera que se sente na cidade um outro ponto de interesse é o museu da Guerra. O crime supremo contra a Humanidade e a Natureza que é o acto de guerra ultrapassa a minha capacidade de entendimento. Claro que o museu apenas relata um lado da barbárie que foi a guerra contra os EUA, mas há sempre três versões de uma história: a que cada lado conta e a verdadeira. Em tempos de guerra não há inocentes, por muito que eles existissem antes dos confrontos no final todos saem maculados. Todavia, nas ruas a população parece distraída do estigma do passado recente que o Regime insiste em manter bem presente.

Aviso: as imagens que se seguem são chocantes.



BAÍA DE HA LONG
Ser considerada uma maravilha mundial pode trazer constrangimentos, a saber: a romaria de turistas que mesmo no pico do Inverno norte-vietnamita impõem a sua presença. A baía de Ha Long é bela, mas acima de tudo é negócio. Em Hanói há bastantes agências de viagens que promovem visitas a este local e com tempo conseguem-se encontrar preços razoáveis; em geral, estes são assombrosos para um país com o nível de vida do Vietname.
Independentemente de ser a galinha dos ovos de ouro de muita gente não posso negar que ao avistar as ilhas ao longe sorri por dentro. É fácil perceber por que é considerada maravilhosa. Imaginei a paisagem num dia solarengo de Verão e todo o cenário cresceu em esplendor.
Foi pena estarem no mínimo menos 10ºC daqueles previstos pelos sites meteorológicos para os dias da visita. O foco virou-se mais para a tentativa de aquecer do que para a cenário.



HANÓI
Hanói acorda tarde e deita-se cedo. Uma tendência acentuada com a vigência do Tết - os feriados do novo ano lunar.
Cedo fui alertada pelos compinchas de Hostel para o marasmo que me aguardava na capital. Com o tempo contado para aproveitar a outrora Indochina fiz uma tentativa relâmpago para ir a Sapa. Juntei-me a dois engraçados israelitas que podiam ser a ilustração da lei de murphy, tais os azares que lhes foram acontecendo, na vã tentativa de rumar aos célebres terraços de arroz. Infelizmente, o Tết meteu-se no caminho; os comboios não circulavam e os sleeping bus estavam esgotados.
Assim, aproveitei os 3 dias que restavam para calcorrear Hanói, visitar mais uns quantos museus e acima de tudo relaxar.
Com o indispensável mapa na mão lá fui explorando as ruelas do "velho quarteirão" e as avenidas da cidadela enquanto absorvia o way of life vietnamita.





Pelo percurso ia sendo assediada por um comum 'Hello! Motorbike?" ao qual respondia com um obrigada num sorriso, que depois se viria a espelhar no rosto de alguns "moto-taxistas". É que os vietnamitas são simpáticos! Acabei por não ajudar ao negócio já que o lema por estes dias era andar para aquecer.  
Por entre casas coloniais, barracas, lojas, cafés a rodos, tascas de rua, emaranhados de cabos eléctricos, cruzamentos sem lei nem ordem, lá estava ela... a omnipresente propaganda.


Na data de regresso a casa, Hanói tinha-se transfigurado na cidade vibrante que se lhe reconhece.

O Vietname deixa boas recordações, mas sobretudo o desejo de voltar e conhecer mais. Por agora, encerra-se este capítulo, mas quem sabe se a história continua?

Chuc Mung Nam Moi (Feliz Ano Novo)

Comentários

  1. Jo!
    Como gosto de te ler! :)
    Parece ter sido uma aventura em grande!
    Sempre quiseste fazer esta viagem e agora despertaste em mim um enorme arrependimento por ainda não ter lá ido!
    Espero que a história continue. E...gostava de ver mais fotos!
    Saudades maluca!
    Bjs

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  2. Obrigada, Cate :)
    Foi saboroso!!!
    Deixa que "ainda" vais ter a oportunidade de ir. Podes passar a baía de Ha Long se fores no Inverno, parece-se muito com a viagem a Guillin... o cenário, a temperatura.
    Já sabes, nunca tiro muitas fotos! As outras que tenho são de motivos semelhantes a estas.
    Muitas saudades deste lado.
    Beijos

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