KinderMacau

Foi num daqueles dias em que o sono insiste em seguir-me para lá dos lençóis que, ao entrar no autocarro, me senti transportada para o planeta dos "Ursinhos Carinhosos". Na base do óbvio soluço cerebral, a explosão de cores e arco-íris dos cartazes afixados no veículo.

Em Macau há uma tendência para o fofo, particularmente visível na faixa etária que se convencionou designar "millenials" - a malta que tem sensivelmente entre os 17 e os 30 anos de idade, portanto. De entre os traços apontados aos seus elementos encontra-se o adiar de ritos de passagem para a adultez (para uns prolongar-se em casa dos pais, para outros rodear-se/enfeitar-se de/com bonecos). Com a normal injustiça para os que não cabem nestas generalizações, a verdade é que nunca tinha visto tantos carros adornados com bonecada, capacetes da "Hello Kitty", secretárias de escritórios nas quais pequenos peluches são dispostos em fila, entre outras mostras de extremo carinho por produtos tipicamente infantis, como nos parcos km² em que agora me movo.

De mera curiosidade a informação valiosa para os estrategas de comunicação é um passo.

Atentos às características do seu público-alvo os responsáveis pela publicidade institucional cívica, tal como os restantes intervenientes no mercado, não vacilam. Imaginem o espaço da RTP2 reservado a este género de publicidade transformado num medley do Canal Panda e podem ficar com uma ideia aproximada, porventura mais divertida, de como se comunica por estes lados. Enquanto vasculho na curta memória (a possível para quem calcorreia as ruas de Macau há menos de um par de anos) o único cartaz de apelo ao civismo que não narrava um episódio desenhado visava a entrada em vigor da Lei de prevenção e controle do tabagismo; convenhamos que um boneco transgressor poderia, de facto, baralhar as mentes da pequenada.

Num território em que, por força das circunstâncias, é hábito os habitantes tomarem sobre si o castigo divino aplicado aos construtores da Torre de Babel, admito que a estratégia possa ser eficaz.

Proponho um exercício:


Dúvidas?



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