In the mood for movies?

Quando se desloca para os antípodas do mundo conhecido espera-se que a percepção do que nos rodeia acompanhe a mudança. Tomo a liberdade de exportar a legitimidade da afirmação anterior para o campo dos filmes e revelar que o "Lost in Translation", da Sofia Coppola, visto na sala bafienta dos cinemas Avenida cresce exponencialmente à mínima experiência vivida da cultura oriental. Mas não é para escrever sobre películas realizadas por ocidentais acerca da condição humana num contexto geográfico "diferente" que decidi meter as mãos ao teclado. 

A tarefa a que hoje me proponho é dar a conhecer algumas das preciosidades (sim, preciosidades) cinematográficas realizadas por Chineses e Sul-coreanos. De lado, ficam as animações do Miyazaki (Japonês) e os filmes de estilo Wuxia como o "Herói" e o "Tigre e o Dragão" pelos quais nutro um fraquinho há vários anos.

Sem desvendar a trama, seguem-se algumas das mais recentes descobertas que gostaria de partilhar convosco:

"CASTAWAY ON THE MOON" (Lee Hae-Jun, 2009, Coreia do Sul)
Tudo começa com a tentativa frustrada de suicídio de um homem que desagua numa ilha deserta ao largo de Seul e uma fóbica social que vive confinada ao seu quarto. Um belo e original retrato dos exilados dos tempos modernos.



"2046" (Wong Kar Wai, 2004, China) 
Na sequência de "In the mood for love", uma densa viagem de recriações que oscila entre a realidade da Hong Kong dos anos 60 e a idealização paralisante de recuperar o passado no futuro. Extraordinário argumento, magníficas representações e banda sonora a condizer. Nomeado para a Palma de Ouro de Cannes.




"MEMORIES OF MURDER" (Bong Joon-ho, 2003, Coreia do Sul) 
O percurso psicológico dos polícias envolvidos na investigação de meticulosos assassínios em série, num tempo em que a brutalidade policial e a negligência forense pautavam as investigações. Bong Joon-ho traz-nos humor, suspense e angústia. É um filme assombroso que se cola ao nosso âmago e nos acompanha para lá da sala de cinema. Baseado em factos reais.


"THE PIANO IN A FACTORY" (Zhang Meng, 2010, China) 
Camuflado pelas desventuras de um pai que deseja presentar a filha com um piano, um vislumbre sobre as consequências do crescimento económico da China na desagregação das famílias, nas relações íntimas e na criação de "novos" pobres, onde ainda resta espaço para o homem sonhar e a obra nascer.


Boas projecções.

Comentários

  1. Adicionaria talvez PRIMAVER, VERÃO, OUTONO E PRIMAVERA de Kim Ki-duk, um fresco das estações recortado da serenidade zen de um templo budista algures na Coreia.

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