Adeus, Macau!

Dedicado a vocês!

É um rumor localmente difundido que a maioria dos portugueses imigrantes em Macau conhece de cor a vontade (real, abstracta, ultrapassada) de estar de passagem. Não é preciso ser-se veterano do Território para perceber que esta vontade é muitas vezes consumada, seguindo-se-lhe a inevitável despedida. 

Dizer adeus tornou-se assim tão familiar no seio da comunidade lusa aqui residente que se foi aperfeiçoando a relutância de se dar a conhecer. Senti esta fórmula na pele quando cheguei; agora, aqui me confesso, aplico-a. Torna-se instintivo. Um mecanismo de defesa que se acciona para protecção face a uma potencial ameaça de perda e contra a exposição repetida e desgastante da intimidade. Mas só no campo dos mitos é que as muralhas são intransponíveis e a minha vai tendo as suas brechas. 

Num curto espaço de tempo foram várias as pessoas, mais ou menos cúmplices, que decidiram deixar o Território. Os motivos são tanto variados e justos como aqueles que as trouxeram: oportunidades profissionais, o gosto pelo desconhecido, estar com quem se ama, a frustração das expectativas, et cetera. Em algumas Macau terá gravado uma marca maior do que noutras – dificilmente terá deixado alguém indiferente. A todas desejo que encontrem o que procuram. 

Sim, "Hello only ends in goodbyes"* ganha contornos de máxima em Macau, façamos pois valer os entretantos.

* Sixto Rodriguez - Sandrevan lullaby/lyfestyle

Comentários

  1. Afinal de contas, para muitos desses portugueses, Macau não é a sua terra e o chamamento das raízes é sempre muito forte. Já eu, como português de Macau, sinto o mesmo, por isso agora que voltei tenciono permanecer.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário