Postais de Bali


UM BANQUETE PARA OS SENTIDOS

Bali é primavera, verão e outono num só dia. É luxúria de verde e degradê de azul. É cheiro a café de borra frutado, a incenso e a terra molhada. É fruta que se desfaz na boca. Bali é um banquete para os sentidos que não cabe em fotografias, por muito que me tenha dado gozo as tirar.





OS COSTUMES

O modo mais cómodo de conhecer a ilha é através da contratação apalavrada de motoristas. Os mais aventureiros podem alugar veículos e os mais crédulos podem tentar o serviço de táxis. Se há classe profissional com atitudes consistentes no planeta é a dos taxistas. Na ilha há um acordo pouco transparente que impede os condutores da única companhia de taksi que faz uso honesto do taxímetro - a Blue Bird - de apanharem passageiros em determinadas áreas de Bali. Optámos pelo modo mais fácil e tivemos a sorte de conhecer o Made. Enquanto conduzia ia saciando a nossa curiosidade acerca das tradições hinduístas da ilha. Dono dum dos sorrisos mais contagiantes com que me deparei, o Made contava-nos sobre as milhentas manifestações divinas de bons e maus espíritos em equilíbrio, sobre Shiva, a reencarnação e o Karma. Sem se aperceber deixava escapar o impacto da invasão de turistas nos rituais diários. Os dias são demasiado curtos para agradar a turistas e a deuses. Nestes tempos modernos abrevia-se onde for possível e são muitos os que se decidem pelas oferendas take-away. As canang sari são pequenas cestas de folha de coqueiro com flores, arroz e elementos aromáticos que dificilmente escaparão ao indivíduo mais distraído que se passeie pela ilha. Os insulares manifestam assim a sua gratidão aos espíritos e a vontade de perpetuar a harmonia do cosmos, só que ao invés de preparem as oferendas, compram-nas. Sabendo após uma pesquisa rápida que o valor das canang sari está no tempo dedicado à sua preparação poderia afirmar que o propósito está desvirtuado. Acontece que os Balineses têm algo de especial e vão conseguindo manter o núcleo religioso da sua identidade ao mesmo tempo que asseguram os frutos do negócio. Serão poucos os que os tenham observado no momento de culto que neguem a espiritualidade conferida à ocasião.



O GANHA-PÃO

Não é recente a atracção dos estrangeiros por Bali. Há muito que a ilha está entre um dos destinos mais promovidos por agências turísticas e revistas da especialidade. Seja pela diversão, paisagens, tradições, crenças, práticas desportivas, qualidade do serviço... acho que dá para ter uma ideia!, é um destino apetecível. E, como em qualquer negócio saudável, reina a lei da oferta e da procura. Tudo se paga: paisagens, idas a templos ou aos parques naturais - o que apoio quando ajuda a preservar os locais e as tradições; por outro lado, franzo o nariz quando pedem para pagar por idas às latrinas e por tirar fotografias a "figurantes" que apenas se revelam depois do clique da máquina. É que os turistas também são alvo de caça à foto e aí parece não haver reciprocidade.

Em Bali está montado um processo sólido e variado de actividades lúdicas e culturais que consegue agradar a um leque diversificado de preferências. Ainda que os pólos de diversão estejam mais concentrados nas zonas costeiras e o centro artístico e artesanal se encontre em Ubud, nenhum local está privado da outra vertente. Essa será provavelmente a grande mais-valia da ilha.

Bali tem muito para oferecer, da minha parte deixo este testemunho e alguns "postais".


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